Aos 79 anos, Itamar Silva, um dos fundadores da Yázigi, conta como criou a primeira rede de franquias de ensino de idiomas do Brasil
Início – Começamos a dar aulas de português para estrangeiros e de inglês para adultos em um apartamento no centro de São Paulo. Eram três sócios: César Yázigi ministrava as aulas, eu e o Fernando Silva cuidávamos da administração. A empresa nasceu disposta a dar ênfase à comunicação oral, o que nenhum dos concorrentes fazia na época.
Divulgação – No início da década de 50, fomos convidados pela TV Tupi para organizar um curso de idiomas diferente: eles entravam com a dramaturgia e nós com a pedagogia e o material impresso. Aceitamos o desafio. Foi um sucesso: chegamos a receber uma Kombi lotada de cartas solicitando o envio das apostilas gratuitas para o acompanhamento das aulas. A parceria durou até 1954 e tornou a marca muito conhecida.
Pioneirismo – A Yázigi foi a primeira franquia de idiomas no Brasil. Em 1954, fechamos uma licença para que uma escola de idiomas usasse nosso método de ensino. Em 1966, adotamos o sistema de professores associados, o embrião do modelo de franchising. Fomos pioneiros, também, na criação de um portal de ensino de inglês a distância no país, com programas de diferentes níveis, chats temáticos e suporte de professores on-line.
Um tropeço – Um dos objetivos da empresa era tornar a marca global, abrindo unidades nos EUA e na Inglaterra. A ideia era ensinar inglês aos imigrantes estrangeiros residentes naqueles países. A primeira escola foi aberta em 1991, na Flórida. Para solidificar a marca, a Yázigi se associou à rede English Language Study Centers. Quando as coisas estavam melhorando, veio o atentado de 11 de setembro de 2001. Os alunos sumiram. Ainda demoramos dois anos para encerrar a operação. Investimos muito dinheiro e não conseguimos recuperar o capital.
Lição – Sempre mantive a postura de educador. Acredito que investir em educação exige responsabilidade. É preciso prestar atenção na escolha da mão de obra, na eficiência dos cursos e na boa formação dos alunos. Não vejo o ensino de línguas como commodity.